desfavorável à reversão da estrutura da Proteção Civil
O Conselho Diretivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), hoje reunido em Loures, deu parecer desfavorável à proposta do Governo para reverter a estrutura operacional da Proteção Civil à organização por distritos, acabando com os atuais comandos sub-regionais, criados há dois anos.
Num parecer aprovado na reunião de Conselho Diretivo, a Associação contesta a proposta de extinguir os 24 comandos sub-regionais da Proteção Civil, criados no início de 2023, para adaptar a coordenação dos bombeiros à circunscrição territorial das entidades intermunicipais (EI).
A ANMP considera que “reverter a estrutura operacional da Proteção Civil para uma organização distrital é um retrocesso técnico-operacional e estratégico do ponto de vista administrativo, de organização e definição das prioridades”. A Associação destaca que a escala distrital está hoje ultrapassada e a administração pública portuguesa tem evoluído para uma organização territorial baseada nas Entidades Intermunicipais (EI) e nas Nomenclaturas das Unidades Territoriais Estatísticas (NUTS).
Tanto a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), como o Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro (SIOPS) e o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais estão atualmente organizados em sub-regiões coincidentes com as NUTS III, “um modelo estruturado e coerente, alinhado com as restantes entidades da administração pública e com os mecanismos de financiamento europeu”, é sublinhado no parecer.
A ANMP salienta ainda que, decorridos apenas dois anos de funcionamento, “não é apresentada qualquer justificação técnica ou evidência suportada em dados concretos que justifique a alteração do modelo atual”, o que pode “comprometer a eficiência dos recursos e das respostas operacionais” e “desperdiçar os recursos públicos investidos” na atual organização.
“É fundamental rever e aperfeiçoar os principais instrumentos de planeamento, gestão e articulação da Proteção Civil, bem como reforçar os meios operacionais, assentes na profissionalização dos recursos humanos e na sustentabilidade dos Corpos de Bombeiros, mas sem colocar em causa o modelo de governação alinhado com os instrumentos de planeamento de gestão integrada de fogos rurais ao nível nacional, regional, sub-regional e municipal, nomeadamente quando se aproxima o período mais crítico de ocorrência de fogos rurais”, sublinha o parecer da ANMP ontem enviado ao Governo.
Salientando que os municípios desempenham competências nas áreas da segurança e da proteção civil, sublinharam também que o regresso à organização por distritos “traria problemas” de incoerência territorial, “uma vez que os distritos agregam municípios sem relação funcional ou geográfica, dificultando a colaboração e a resposta operacional” e “desalinhamento” com outros serviços públicos, já que “a maioria das entidades que operam em situações de emergência e socorro (ICNF, APA, ULS, CCDR, entre outras) já está organizada” por NUTS.
Os 18 comandos distritais de operações e socorro (CDOS) acabaram e foram substituídos, em janeiro de 2023, por 24 comandos sub-regionais de emergência e proteção civil, cuja circunscrição territorial corresponde ao território de cada comunidade intermunicipal.
A atual estrutura regional e sub-regional da proteção civil integra os comandos regionais do Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, e os 24 comandos sub-regionais de emergência e proteção civil.
Com LUSA.